"Austeridade não é técnica nem transitória"
Manuel Carvalho da Silva, antigo secretário-geral da CGTP, apresenta esta quarta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o relatório "A anatomia da crise", cujo objetivo, referiu, passa por "identificar os problemas para construir" soluções para o País num quadro europeu.
Na intervenção que deu o mote à sessão, o coordenador do Observatório sobre Crises e Alternativas, responsável pelo estudo, salientou que "não existe apenas um caminho" para sair da crise económica e financeira, vincando que a "afirmação da austeridade a que temos sido sujeitos é uma forma de economia política", que não assenta em "medidas técnicas, transitórias ou de correção", que tem "no trabalho e no Estado os dois focos principais de mexida".
Por isso, voltou a condenar a "transferência de rendimentos do trabalho para o capital", dando mesmo conta de que muitas das alterações que têm sido introduzidas na legislação laboral "não interessam sequer à maioria das empresas", o que, no seu entender, abre apenas caminho a "mais abusos e exploração desnecessária".
O docente universitário apontou ainda como exemplo de desvalorização do trabalho o aumento do horário na administração pública (de 35 para 40 horas), que o Tribunal Constitucional já validou, o que, frisou, se traduz numa redução de "14%, em termos médios" da remuneração dos funcionários do Estado.